Até o início do século XX, a pessoa idosa dedicava-se apenas à vida familiar e, muitas vezes, de forma restrita. Mas, essa realidade mudou e atualmente a terceira idade tem vida social ativa. E para chegar nesta fase com qualidade de vida é necessário que os cuidados com a saúde tenham início cedo. Este é o conselho do geriatra João Magliano Neto, do Hospital e Maternidade Beneficência Portuguesa de Santo André, que explica que o envelhecimento ativo conduz ao envelhecimento saudável, englobando a parte física, social, profissional e afetiva.
Para garantir qualidade de vida e longevidade, os cuidados junto a um geriatra devem iniciar-se por volta dos 35 anos de idade, com um programa de prevenção de problemas de saúde, verificação de doenças predispostas, aliadas à prevenção e cura, que certamente trarão inúmeros benefícios ao paciente, além dos cuidados básicos que devem partir do indivíduo.
O diagnóstico precoce de doenças e a prevenção são fatores determinantes para melhorar a saúde. Durante consultas periódicas, o médico deverá avaliar o paciente por meio da história de vida e, em seguida, indicará exames adequados para a situação clínica.
Para conquistar uma vida saudável é necessário alimentar-se bem, praticar exercícios, não fumar, consumir álcool em doses pequenas – uma a duas taças de vinho por dia diminui o risco de um evento cardiovascular – controlar o estresse, diminuir a obesidade, tomar vacinas e usar camisinha para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
É importante que os homens com mais de 40 anos façam os exames de toque retal e dosagem sanguínea de PSA. As mulheres com mais de 35 anos devem continuar com a rotina de Papanicolau e mamografia. Já as que entraram na menopausa, devem também se submeter ao teste de densitometria óssea para prevenção e controle da osteoporose.
Depois dos 50 anos, homens e mulheres devem continuar com as consultas e exames periódicos, porém com complementações recomendadas pelo especialista de acordo com a idade. Entre 60 e 65 anos – já na terceira idade – além da consulta médica anual, o individuo precisa passar por avaliações cardíacas; depois dos 65 anos o exame de densitometria óssea é recomendado também para os homens, já que o risco de osteoporose é similar entre os sexos, vacinação contra gripe, pneumonia, tétano e difteria, completam as recomendações.
Segundo o geriatra, as atividades físicas colaboram para que o indivíduo emagreça, aumente a força muscular e melhore a capacidade respiratória, além de prevenir diversas doenças, fortalecer o corpo e elevar a expectativa de vida. “Os exercícios promovem uma série de benefícios, disposição e bom humor”, avisa o especialista.
Uma dieta balanceada e uma boa alimentação evitarão o sobrepeso e a obesidade, consequentemente os problemas relacionados às alterações de insulina, gorduras no sangue, artereosclerose e câncer. Não somente por pré-disposição genética as doenças podem se manifestar, mas também a partir de uma série de fatores como o ambiente em que o indivíduo vive, hábitos de vida e alimentação.
Segundo a nutricionista Sheila da Silva Castro, do Hospital e Maternidade Beneficência Portuguesa de Santo André, uma alimentação saudável garante maturidade tranqüila, capaz de atingir os 90 anos com disposição e saúde. “Modificações nos hábitos alimentares, aliados à prática de exercícios físicos antes da vida madura trazem grandes benefícios para o corpo e para a mente. Já os radicais livres e o estresse oxidativo são fatores que contribuem para o envelhecimento e desenvolvimento de doenças degenerativas associadas à idade”, explica Sheila.
Uma alimentação adequada exerce papel fundamental no retardo do envelhecimento, além de auxiliar na manutenção do peso e resistência às doenças. Uma boa dica é fazer uma dieta à base de cálcio, vitamina D e exercícios físicos, fundamentais para a saúde óssea. Dessa forma, a partir dos 35 anos é necessário aumentar a ingestão de alimentos que contenham antioxidantes para proteger o organismo, inclusive dos radicais livres – substâncias produzidas pela “quebra” do oxigênio no organismo.
Se a alimentação é deficiente e não proporciona ingestão suficiente de fibras, vitaminas, minerais e outros componentes são necessários a incorporação de complementos alimentares, principalmente para as pessoas que apresentam um ritmo de vida agitado e já passou dos 50 anos.
Alguns alimentos são fontes de nutrientes e componentes ativos com ação antioxidante. O ideal é consumi-los freqüentemente para retardar o envelhecimento precoce.
Confira abaixo substância e onde é encontrada:
Betacaroteno – Cenoura, abóbora, batata doce, damasco seco e vegetais verdes escuros, como brócolis.
Vitamina C – Frutas cítricas – laranja, limão, lima, acerola, caju, kiwi, morango. Vegetais verdes escuros – couve, brócolis, agrião, pimentão verde.
Vitamina E – Germe de trigo, óleos de soja, arroz, algodão, milho e girassol, amêndoas, nozes, castanha do Pará, gema, vegetais folhosos e legumes.
Selênio – Castanha do Pará e alimentos marinhos.
Zinco – Carnes magras, peixes e frutos do mar, aves sem pele, leite desnatados, cereais integrais, feijões e nozes.
Licopeno – Tomate, molho de tomate e goiaba vermelha.
Bioflavonóides – Frutas cítricas, uvas escuras ou vermelhas, amoras, morango, framboesa.
Isoflavonas – Soja e derivados.
Catequinas – Frutas da família do morango, uva e chá verde.
Fibras – Cereais integrais, frutas e hortaliças – devem ser consumidos com cascas ou talos.
Ácidos graxos Ômega 3 – Peixes que vivem em águas frias como sardinha, salmão, cavala, arenque e atum.
Para se ter longevidade, 25% depende da qualidade e funcionamento dos genes e os outros 75% recaem sobre o estilo de vida. Portanto, é importante que o indivíduo conviva bem com sua imagem, sem tensões que colaboram para a produção de radicais livres. “Se o individuo aceitar a idade com bom humor, as mudanças serão tranqüilas. Sair de casa e continuar a viver bem ajuda o indivíduo a ter motivação para se cuidar”, ensina o geriatra.