Laguna – Além da temporada de verão que está chegando, outra também está próxima de começar. É a temporada do camarão em Laguna. A partir deste sábado (15), quando termina o período de defeso, você encontrará o famoso Camarão Rosa, também chamado de “Camarão Laguna”, fresquinho nas peixarias da cidade ou direto do pescador.
Além do sabor para quem come, o crustáceo também tem seu valor econômico para a cidade. Durante os meses de julho a novembro, os pescadores artesanais do município ficam proibidos de capturá-lo, época em que recebem o benefício do defeso do Ministério da Pesca.
De acordo com números da Colônia e do Sindicado dos Pescadores são cerca de cinco mil pescadores artesanais no município. De novembro a junho sobrevivem da pesca do crustáceo. Período em que muitos passam as noites em vigília. Rotina que o senhor Odair Preve segue há trinta anos. Ao entardecer sai de casa para colocar a rede e só volta no dia seguinte. “Passo a madrugada dormindo numa casinha que tenho próxima do trapiche cuidando da rede, tem gente que dorme no barco mesmo. Às cinco da manhã recolho e volto para casa”, diz o pescador, que poucas horas depois já vendeu tudo o que pescou.
A profissão que aprendeu com amigos melhora as condições de sustento da família, moradora da comunidade do Estreito. Nessas primeiras semanas, Preve afirma que os camarões são maiores e costuma pescar de dez a vinte quilos por dia, capturadas nas vinte redes aviãozinho que possui. “A partir da metade de dezembro o camarão diminui de tamanho e volta a aparecer grande nos meses de janeiro e fevereiro. Há dias em que pesco somente dois quilos. Varia muito de um dia para o outro”.
O vento, como diz o pescador do Estreito, pode ser também um aliado. Segundo ele, o nordeste é mais propício. Mas nem sempre o vento ajuda. Quando está muito forte, seu Odacir não segue para sua rotina. “É muito difícil passar a madrugada toda com um vento assim”.
A explicação sobre o tamanho do crustáceo pode estar relacionada ao ciclo que ele realiza durante seu período de procriação e reprodução. De acordo com responsável pelo complexo lagunar sul da Epagri, Jefferson Oliveira, a larva do camarão vem do oceano, entra na lagoa e realiza todo o ciclo de crescimento no complexo lagunar, após cerca de um ano volta ao mar para desovar. “Essa reta final do período de defeso do camarão, quando ele está maior, é importante para que eles voltem ao mar para desovar e assim novos camarões voltem para a lagoa. O grande erro dos pescadores que burlam a lei e que roubam o crustáceo no período de procriação resulta na diminuição dele, pois muitos capturam o grande que deveria voltar ao mar. Esse ciclo precisa ser respeitado”.
As lagoas que costumam “dar mais camarão”, segundo Oliveira, são as que possuem menor circulação de marés ou das águas dos rios. Como o camarão fica no substrato da lagoa, onde há canais de navegação eles costumam ser levados pela corrente. Aliás, esse substrato das lagoas que compõem o complexo lagunar é rico em nutrientes que dão o sabor ao crustáceo. Sua cor esverdeada também está relacionada à cor do limo que fica no substrato.
São oito as lagoas compõem o complexo lagunar sul: Lagoa da Garopaba do Sul, da Manteiga, do Camacho, Santa Marta, Ribeirão Grande, Santo Antônio, Imaruí e Mirim.
A rede:
A rede de pesca usada na captura do camarão é conhecida como aviãozinho. Ela possui sete metros de abertura, quatro anéis e um funil. Este possui doze metros de distância até a calha superior. A malha do saco da rede usada e permitida tem espessura entre 2,8 e 3 cm. A sustentação é feita por calões e aros de sustentação do saco. Uma atração luminosa na ponta do funil é que atrai o camarão para rede. Por isso a pesca é realizada à noite.
Foto: © Geraldo Gê
ai/UNO