Mauro Queiroz
Os efeitos do Pré-Sal já começaram na América do Sul. Nós brasileiros tão inocentes e crédulos muitos vezes não entendemos o que de fato está acontecendo em nossa tão pacífica latina do pré-sal.
Os países da América do Sul estão se armando e o Brasil também entrou nesta corrida! Mas, por quê? Por que a América Latina está armando-se?
Aqui vai uma pista. Recentemente Lula afirmou que o Brasil está investindo em armamento devido ao potencial risco de conflito que há em torno da chamada Amazônia Azul, em particular na zona “pré-sal”, onde têm sido feitas novas descobertas importantes de recursos petroleiros.
Lula manifestou preocupação com a presença da Quarta Frota Americana na área: “Eu tinha conversado com Bush e temos de falar com Obama. A Quarta Frota está quase em cima do pré-sal “. Pasmem todos!
O Presidente da Venezuela do Hugo Chávez já foi as compras no Shopping Russo e encheu o carrinho com Submarinos, Tanques e Helicópteros que segundo ele chamou de “renovação do aparato militar”. Suas compras são algo em torno de três submarinos, vários veículos blindados e tanques T-27 e dez helicópteros militares Mi, segundo informa a agência Interax, que cita fontes da indústria armamentista russa.
Tudo começou após o polêmico tratado assinado entre a Colômbia e os EUA, que permite aos americanos usarem bases militares no país sul-americano. Chávez, alega que sua intenção não é atacar a Colômbia nem qualquer outro país, mas “empreender uma necessária renovação em seu equipamento militar”.
Hugo Chávez quer transformar seu país em uma potência militar? Após ter sido embargado pelo governo norte-americano para compra de armas e tecnologia bélica. Chávez tem a ideia de construir uma fábrica de fuzis Kalashnikov em seu país, esta pergunta paira, não só na mídia, mas também nos institutos de pesquisas europeus. Foram 24 caças russos do tipo Sukhoi, 100 mil fuzis russos, 30 mil dos quais já foram entregues.
O Chile também está nesta corrida. Gastaram com armamentos, com 2,7 bilhões de dólares de despesas em 2005, e este número vem crescendo, o Chile, país sempre elogiado como exemplo de democracia no continente latino-americano.
Segundo, Karl von Clausewitz a guerra moderna é “a continuação da política por outros meios”. Com isso, o general prussiano postulava que a guerra é “um ato político” e, como tal, “se constitui em um ato de força que se leva a cabo para obrigar o adversário a acatar a nossa vontade”.
É possível que este sentimento de armar-se tenha surgido mais intensamente quando a Quarta Frota da Marinha de Guerra dos Estados Unidos – incubida de patrulhar os mares em torno da América do Sul – assumiu o controle de fato de sete bases na Colômbia que lhes proporcionarão uma plataforma poderosa de onde operar em função de seus interesses geoestratégicos na região. Para muitos isso demonstra sua verdadeira intenção imperial para a região.
Em jogo está a possibilidade real de os países sul-americanos fazerem valer sua soberania. Por isso, não resta outra alternativa para governantes da região a não ser armarem-se para defender suas conquistas e garantir seus interesses. É neste contexto que se entende uma série de decisões tomadas pelos governos da América do Sul em melhorar a capacidade militar.
Por isso, o Brasil intenciona assinar com a França um acordo de cooperação militar que permitira que o Brasil conte não só com a maior frota naval de nossa América do Sul, mas que também irá permitir que seja o primeiro País com submarinos nucleares. No que foi descrito por analistas em questões de segurança como “o pacto de defesa mais importante da história recente”, Brasil e França muito mais que uma compra simples, decidiram não apenas uma aquisição bilionária de submarinos, helicópteros e caças-bombardeiros, mas também a necessária transferência de tecnologia que permita dar um impulso significativo à indústria militar brasileira, ou seja, o Brasil construirá suas armas de alta tecnologia daí em diante.
O acordo também pode servir, além disso, para contra-agir aos movimentos recentes dos Estados Unidos para perturbar a situação geoestratégica na região. Aí, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz parecer enviar uma mensagem aos Estados Unidos, de que não somos tão bobos assim. Lula, no seu jeito diplomático e risonho, toma a atitude correta.
O acordo é bom para o Brasil, pois prevê a venda ao governo francês de dez aviões de carga e transporte de tropas, o KC-390 da EMBRAER, em substituição do Hercules C-130 da empresa americana Lockheed . Também incluíria a aquisição e transferência de tecnologia francesa para a fabricação no Brasil de aviões de caça Rafale, que estarão disponíveis para venda às forças aéreas do resto de nossa América Latina.
O Brasil adquiriria 50 helicópteros e 5 submarinos franceses, e vai integrar com a França uma empresa que será responsável por fazer o primeiro submarino de propulsão atômica. Desta forma, o Brasil se converte apenas no sétimo país com a capacidade para projetar, produzir e operar submarinos nucleares.
Segundo analistas, o montante do acordo militar Brasil-França é superior ao investimento do recente acordo EUA-Colômbia. De acordo com o Ministério da Defesa brasileiro, a atual estratégia militar da potência da América do Sul possui uma característica estritamente “dissuasiva”, ou seja, visa ampliar a capacidade de resposta militar para repelir qualquer ataque por outro país contra seu território. Dentro dessa estratégia, uma das prioridades é a de negar o uso do mar ao inimigo.
Nesse sentido, Lula insistiu que seu objetivo é “cuidar do território nacional”. “O petróleo já foi a causa de muitas guerras e nós não queremos nenhuma guerra ou conflito”. Contudo, um submarinozinho não faz mal.
Embora os EUA continue a ser o maior comerciante de armas do planeta, responsável por mais de dois terços das vendas de armas no mercado mundial, segundo dados de 2008, o acordo Brasil-França confirma já uma tendência crescente dos governos sul-americanos em quebrar a dependência, que prevaleceu até o século passado, em relação aos Estados Unidos como o principal fornecedor de equipamento militar para os seus países.
Mauro Queiroz
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Fonte : www.vermelho.org.br