Brasília – Jean-Marck Merialdo, representante do consórcio Rafale International, durante entrevista coletiva para falar sobre os caças franceses oferecidos à Força Aérea Brasileira (FAB) .
Brasília – Dizendo-se incomodados com o que classificam de “inverdades” divulgadas pelas outras duas empresas que disputam a concorrência para fornecer 36 novos aviões de combate à Força Aérea Brasileira (FAB), os executivos do Consórcio Rafale convocaram a imprensa e voltaram a defender hoje (12) as vantagens de seu caça, o Rafale, sobre o Gripen NG, da sueca Saab, e o F-18 Super Hornet, da norte-americana Boeing.
Embora recuse-se a divulgar o preço pedido ao governo brasileiro por cada avião, o diretor da Rafale no Brasil, Jean-Marc Merialdo, afirmou que as notícias e declarações de que o caça francês custa cerca de 40% mais que os modelos concorrentes “não têm fundamento”.
“Não posso abrir mão de meu compromisso de confidencialidade, mas, certamente, a diferença de preços entre o Rafale e o F18, que são aeronaves de classe comparável, não é de 40%”, disse Merialdo. Na sequência, no entanto, o coronel Rogério Bonatto, consultor da empresa no país, contemporizou a afirmação, dizendo que, embora pouco provável, é possível, sim, tal margem de diferença de preços.
“Não temos conhecimento do que foi ofertado pelas outras empresas”, disse Bonatto. “As empresas são livres para apresentar qualquer preço que lhes interesse, inclusive descontos estratégicos, mas não há fundamento técnico para 40% [de diferença]. Caso se percebam diferenças ou descontos muito grandes, uma defasagem muito grande entre preços e custo, é importante verificar [a razão], pois isso pode significar um risco, o que é uma decisão estratégica [que cabe ao comprador, no caso, o governo brasileiro, assumir].
Provocado a apresentar valores que justificassem a afirmação de que a diferença de 40% é infundada, Merialdo limitou-se a responder que, conforme compromisso assumido pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, os preços da Dassault são compatíveis com os pagos pelo próprio governo franceses pelo caça Rafale e que o governo brasileiro tem a possibilidade de checar isso.
Os executivos da empresa ainda apontaram o que consideram duas vantagens para o Brasil, caso o país opte pelo pacote ofertado pelo consórcio francês: a transferência integral de tecnologia e a possibilidade de a França comprar dez aviões cargueiros KC-390 fabricados pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer).
“A produção das peças e a montagem do Rafale no Brasil poderia chegar a 50%. No entanto, a capacidade para entrar no sistema do avião seria total. Caso o Rafale seja escolhido, os seis primeiros aviões serão fabricados na França e os 30 restantes, no Brasil”, afirmou Merialdo, dizendo que a empresa brasileira mais cotada para sediar a linha de montagem é a Embraer.
Os executivos também negaram que a venda dos 36 caças à FAB seja fundamental para garantir a sobrevivência da Dassault.
“Há uma desinformação total”, disse Merialdo. “A empresa existe há 60 anos e nunca teve um exercício negativo. Além disso, ela tem um faturamento estável e uma dívida nula. Pelo lado militar, temos produção garantida até 2022 para atender a força aérea francesa,. Isso sem falar em possíveis compras do exterior.”
Além da Dassault, integram o consórcio Rafale as empresas francesas Snecma e Thales.
Alex Rodrigues/ABr